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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Angola: Poderá algum dia revitalizar a Indústria do Café?

A consultora Equinox considera que se forem adotadas políticas comprovadamente exequíveis, Angola poderá ver o resultado e a recuperação do sector cafeeiro já nos próximos cinco anos.




Conforme anunciei, hoje vou apresentar-lhe as conclusões do estudo sobre a indústria do café em Angola e o posicionamento desta comoditie em África.

De acordo com o relatório apresentado pela consultora equinox encomendado pelo Banco de Desenvolvimento de Angola, o café é a segunda mercadoria mais comercializada no mundo. 
Em média são consumidas em todo o mundo 2,25 milhões de chávenas de café por ano. 
O café é uma indústria que movimenta cerca de  US $ 200 mil milhões e envolve cerca de 125 milhões de pessoas.

Antes de avançarmos para Angola, deixe-me situar-lhe sobre o estado actual da indústria do café em África.

No top 10 dos países produtores e exportadores de café em 2018 está em primeiro lugar o Brasil, Vietname, Colômbia, Indonésia, Etiópia, Honduras, Índia, Uganda, México e Guatemala respectivamente.

Apesar do café ter sido descoberto em África na Etiópia, o continente fornece só 10% do volume global de café. Os estudos indicam que é claramente uma comódite que pode viabilizar um desenvolvimento sustentável em África.

Olhemos agora para Angola:

Situada na costa sudoeste da África, Angola é o quarto maior país de África (1,2 milhão de km2) e pode vir a beneficiar de recursos naturais consideráveis: Estamos a falar do sector - agrícola (mandioca, milho, café), da mineração (diamantes) e petróleo. As terras são férteis e abundantes para uma população de cerca de quinze milhões de habitantes. Devido a três décadas de guerra consecutivas, e outros factores sociais  e políticos, ainda se encontra por explorar todo um  potencial de crescimento e desenvolvimento

 Produção de café em Angola

 Onze das dezoito províncias de Angola produzem dois tipos  de café, que são o Robusta e Arábica. O Robusta é produzido, predominantemente, nas províncias de Kuanza Sul, Uíge, Kuanza Norte, Bengo, Malanje, Zaire e Cabinda e o café Arábica é produzido nas províncias de Bié, Huambo e Benguela, e muito recentemente na Huíla.

De acordo com as estatísticas da Organização Internacional do Café  a produção média anual na década de 1960 em Angola, foi de 198.319 toneladas
No início da década de 70 (1970/71 - 1975/76), ou seja, antes da independência em 1975, a produção média anual ainda ascendia a 192,240 toneladas. ~

Neste período, Angola foi o segundo maior produtor em África depois da Costa do Marfim. A produção de Angola atingiu o pico com 241.860 toneladas em 1972/73 e, na altura foi a primeira a superar a Costa do Marfim em África.

Estudos mostram que o decréscimo da produção e atraso na recuperação podem ser atribuídos a vários factores, incluindo políticos e socioeconómicos.



Soluções – Referências Internacionais

Segundo a análise disponibilizada pela consultora Indiana Equinox, na concepção de uma intervenção eficaz para a indústria do café em Angola, será necessário estudar  o as políticas dos principais países produtores de café em todo o mundo e fazer uma comparação com a indústria do café em Angola olhando especificamente para os  seguintes factores:

  • ·        Produção e produtividade
  • ·        Consumo doméstico e exportação
  • ·        Respectiva percentagem
  • ·        Qualidade do perfil
  • ·        Tecnologia  Branding
  • ·        Sustentabilidade e certificação
  • ·        Políticas


O mesmo estudo indentificou  algumas práticas recomendadas pelos principais países produtores de café que podem ser adoptadas em Angola, por exemplo:

1.     No Brasil as taxas de juro baixas, classificação de qualidade e selo de pureza, campanha nos meios de comunicação para promover o consumo doméstico e centros de formação de café;
2.     Na Colômbia que aliás é  líder no segmento de cafés especiais, eles possuem uma replantação extensa, e escritórios nos principais países importadores de café;
3.     No Vietname  houve um aumento na  produtividade, a promoção da replantação e apoio às taxas de juro;
4.     Na Índia  eles possuem uma Classificação do café, centros de formação para agricultores e turismo centrado no café.

A consultora Equinox considera que assim que forem reunidos  dados suficientes sobre a indústria do café em Angola é possível fazer comparações que vão ajudar na elaboração de um roteiro, que será fundamental para a recuperação do sector. 

 Medidas sugeridas para Concepção de uma estratégia nacional de desenvolvimento do sector cafeeiro

1. Promoção de Organizações de Produtores de Agricultores (FPOs) para permitir a subida dos agricultores na cadeia de valor, com base numa interação do sistema do Kibutz de Israel, denominado Moshavim Shitufiim

 2. Criação de um banco (ou fundo) governamental com equipamentos agrícolas que os agricultores possam alugar e utilizar, sem investimento (capex)

3. Criação e implementação de programas de desenvolvimento para agricultores, tal como o GAP & IPM, para optimizar a produção

4. Adaptação de técnicas agrícolas integradas para mitigar riscos

 5. Implementação de opções eficientes de adaptação às alterações climáticas como forma de protecção contra imprevistos meteorológicos e fenómenos como o aquecimento global

 6. Adopção de soluções digitais em toda a cadeia de valor do café, para uma divulgação eficiente da informação

7. Criação de infra-estruturas ao nível da exploração para uniformização da qualidade e premiunização, como pátios de secagem, secadores mecânicos e moagem por via seca 

8. Optimização do preço, criando uma agência como a antiga Indian Coffee Board ou a Columbian Coffee Growers Federation para garantir rendimentos proporcionais à quantidade e qualidade do café produzido´

 9. Implementação de uma estrutura de marketing viável para maximizar os rendimentos;

10. Promoção do consumo nacional de café

11. Branding e criação de visibilidade para cafés especiais no mercado internacional.

A consultora Equinox considera que se forem adotadas políticas comprovadamente exequíveis, Angola poderá ver o resultado e a recuperação do sector cafeeiro já nos próximos cinco anos.


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