A Formiga era sempre a primeira a chegar à empresa e, de imediato, iniciava o trabalho. Era produtiva e feliz e todos apreciavam a sua boa disposição, sempre cantarolando baixinho enquanto
trabalhava.
O gerente da empresa, o senhor Marimbondo, começou a pensar que, se a Formiga era tão produtiva sem uma supervisão adequada, seria ainda mais se fosse supervisionada. E contratou a Barata, cunhada da sua segunda esposa, uma experimentada supervisora, conhecida por elaborar belíssimos relatórios.
O gerente da empresa, o senhor Marimbondo, começou a pensar que, se a Formiga era tão produtiva sem uma supervisão adequada, seria ainda mais se fosse supervisionada. E contratou a Barata, cunhada da sua segunda esposa, uma experimentada supervisora, conhecida por elaborar belíssimos relatórios.
A primeira preocupação da Barata foi a de padronizar o horário de entrada e saída da Formiga e logo mostrou a necessidade de se contratar uma secretária para ajudar a organizar os relatórios e recomendou, para tal, a Aranha, prima afastada do marido, especializada, ainda, em organizar os arquivos e controlar as ligações telefónicas.
O senhor Marimbondo, de imediato, ficou encantado com os relatórios da Barata e não tardou em pedir-lhe, também, a elaboração de gráficos com indicadores e análises das tendências que eram aprovadas nas reuniões.
Para isso a
Barata contratou uma Mosca, solicitou a aquisição de um computador e uma
impressora topo de gama com telefone, telex, entrada USB e ligação WI-FI.
A Formiga produtiva e feliz, começou, aos poucos, a lamentar-se de toda aquela movimentação de reuniões, de papéis, de impressões, notas, actas, gráficos para análise e relatórios que, diariamente, lhe caiam sobre a secretária.
A Formiga produtiva e feliz, começou, aos poucos, a lamentar-se de toda aquela movimentação de reuniões, de papéis, de impressões, notas, actas, gráficos para análise e relatórios que, diariamente, lhe caiam sobre a secretária.
O senhor
Marimbondo concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a área
onde a Formiga trabalhava. O cargo foi dado à Cigarra, por sugestão da Barata
de quem era amiga há muito, formada em gestão de empresas numa conceituada
Universidade dos EUA, que mandou colocar uma carpete no seu escritório e
comprar uma cadeira especial, ergonómica, com quatro posições ajustáveis, um computador
portátil com alta capacidade e velocidade máxima
de processamento, alto volume de transacções, grande capacidade de
armazenamento de informações, sofisticação do software e solicitou, como adjunta, a Pulga, sua assistente na
empresa anterior, para ajudá-la a preparar um plano estratégico de melhorias no
funcionamento da empresa e um controle do orçamento para a área onde trabalhava
a Formiga que já tinha deixado de cantarolar baixinho enquanto trabalhava e, a
cada dia, se mostrava mais aborrecida, cansada e menos produtiva e a unidade,
na qual a trabalhava, já não rendia como dantes.
Foi então
que a Cigarra propôs, ao gerente, senhor Marimbondo, a necessidade de uma
pesquisa de mercado, a aquisição de material adequado para a sua execução e a
contratação de uma consultora, que fizesse um diagnóstico da situação da
empresa, incumbência para o qual se contrataram os serviços de consultoria da “Coruja
Add Solutions”.
Passados
três meses, após a realização de dezenas de reuniões, entrevistas, inquéritos e
reuniões com os trabalhadores, levados a cabo pelos dois assessores da equipa,
a “Coruja Add Solutions” apresentou um denso relatório, de vários volumes, com
a conclusão final: “Há necessidade urgente de uma redução de pessoal”.
A Coruja, e duas conselheiras
de reconhecidos méritos, permaneceu três meses na empresa ao fim dos quais,
após entrevistas, inquéritos e reuniões com os trabalhadores, emitiu um denso
relatório, com vários volumes, com a conclusão final: “Há necessidade urgente
de uma redução de pessoal”.Serão capazes de adivinhar quem o senhor Marimbondo começou por demitir?
(Adaptação livre de “A parábola da formiga desmotivada” por Octaviano Correia)
OCTAVIANO (Guedes
) CORREIA
nasceu no Lubango (ex-Sá da Bandeira), Angola, (1940) onde fez os seus
estudos liceais no então Liceu Diogo Cão.
- Iniciou-se nas lides literárias como redactor e responsável da revista Padrão, do referido Liceu e colaborando em páginas literárias de vários jornais angolanos e como realizador do programa para crianças, "Parque Infantil" do Rádio Clube da Huíla para o qual produziu contos e teatro radiofónico (1967/1973) e onde foi realizador do programa “Aqui Lubango”.
- Iniciou-se nas lides literárias como redactor e responsável da revista Padrão, do referido Liceu e colaborando em páginas literárias de vários jornais angolanos e como realizador do programa para crianças, "Parque Infantil" do Rádio Clube da Huíla para o qual produziu contos e teatro radiofónico (1967/1973) e onde foi realizador do programa “Aqui Lubango”.